terça-feira, 30 de março de 2010

As feras selvagens


Aquele domingo começou ao meio dia. A comida seria farta naquele dia.
Na comemoração de aniversário do irmão encontrou-se o café da manhã, churrasco. Saladas, carnes, cervejas, bolo de chocolate, sorvete... tudo até não caber mais.
À tarde me preparo pra pizzada. Preparação a base de suco de cevada, em pouco tempo já estamos quentinhos a espera da pizza.
Pizzas, mais cervejas, conversas que vão de Big Brother a Psicologia.
Todos vão embora, chega a hora... de ir ao pequeno banco. Um pequeno onde nos sentamos, Laura, Martim e eu para esquecermo-nos da vida... hora de conversar.
Como é natural, nem me lembro o que se falava. Lembro de olhar pra frente ouvindo um barulho não identificado, e ver tudo parecer mais lento. Vejo os olhos de um Dobermann preto. Além de mais lento, o brilho ficou mais forte, logo vejo mais dois olhos, mais um Dobermann, este marrom... Duas feras selvagens. Muito pareceidos com os da foto.
A primeira impressão imaginei que eles passariam reto e nem nos dariam atenção. Feliz ingenuidade, depois de uns latidos as feras vieram nos cheirar, depois tomaram água em uma poça a nossa frente. O silêncio era terrível, podia ouvir a respiração das feras.
Até que, por força da naturalidade, tive que falar.
- É galera, é bom já ir procurando a pedra ou o pedaço de pau mais próximo... e vejo que não há nenhum. De qualquer forma tem um muro atrás de nós, se eles atacarem a gente sobe no muro.
Certo tempo se passou, a adrenalina já devia estar chegando as narinas dos cachorros que nem faziam cerimônia pela nossa presença, estavam deitados no chão. Quando fui começar a falar, o Martim disse.
- Acho que é melhor a gente não falar, talvez nem olhar na direção deles.
- E vamos fazer o que? Eu só estou me comportando naturalmente, creio que eu posso viver em paz com os animais. Não fiz nada pra eles - Disse eu.
- A porta está aberta? - ele pergunta
- Sim, e era nisso que eu estava pensando - responde a Laura.
- Então vamos entrar no carro. - Martim conclui.
Antes de levantar combinamos que iria eu mais próximo dos cachorros, o Martim ao meu lado e depois a Laura.
- Então vamos.
Assim que levantamos ouvi um latido, nem me preocupei em olhar qual deles havia latido, apenas notei com a visão periferia que eles estavam em pé mas ainda no mesmo lugar. Continuamos andando naturalmente.
Chegando à pedra mais próxima me agachei e peguei-a do chão, uma pedra bem grande. Nem notei, mas o Martim fez a mesma coisa.*
Chegando no carro os cachorros vieram pra cima da nós. A Laura entrou no carro, eu e Martim entramos em combate com as feras.
Vi o cachorro marrom vindo em minha direção, preparei um chute. Bem em cheio, no pescoço. O preto vinha babando, pulou em mim. Pegou-me pelo braço, o mesmo que eu segurava a pedra, não pude golpeá-lo. O Martim chegou com um ataque terrível na cabeça do cachorro. Senti sua boca soltar meu braço e a besta ficou inerte no chão.
Ainda havia o marrom. Com o braço ensangüentado senti de devia cobrar minha perda desse cachorro. Corri em direção dele e joguei a pedra, pegou no flanco esquerdo do cachorro. Chegando perto preparei uma solada na pequena cabeça do Doberman e errei. Me desequilibrei e caí. Eu estava entregue ao cachorro. Ele vinha em minha direção mirando minha garganta.
Foi quando eu vi uma luz vindo da direção do Martim. Ele gritou.
- KKKAAA, MMMEEE, RRRAAA, MMMEEE, RRRAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!
Tá, sem drama, não foi nada disso.
*Os cachorros nem fizeram nada, só nos olharam entrando no carro. E ficamos muito contentes de continuarmos inteiros.
Fim

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